segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Ser bom de novo
Meu quarto vive em completa desordem. São sapatos em todos os cantos, folhas de papel que não acabam mais, livros nos lugares mais inusitados e roupas espalhadas pelo chão. Já achei possível mantê-lo limpo e organizado. Já juntei vassoura, criatividade e disposição, mas não consigo conservar algo diferente de mim por mais de dois dias.
Não era assim quando eu morava com minha mãe. Decerto que ela me obrigava, periodicamente a arrumar a bagunça daquele pequeno pedaço da minha vida mas, desde que sai de casa, perdi o controle sobre todos os outros cacos também. E quem disse que eu poderia tudo sozinho? Aliás, tenho ouvido falar sobre a pessoa que me tornei desde que me deixaram sozinho: muito agressivo, cheio de auto defesas. Eu sei que, na verdade, estou me acabando velho, vazio e secando.
Meus sonhos murcharam com uma flor e não consigo sequer empilhar folhas de papel. Todos os sapatos, livros e roupas se espalham porque eu já não junto mais os meus pedaços.
E, se vem alguém que preciso impressionar, faço de conta que ainda sou aquele de outrora. Cato todas as coisas largadas no caminho da cama e entulho dentro do guarda-roupas. Mas também não dura dois dias... Eu sou meu próprio quarto. Tem boa aparência pra quem chega, mas no fundo é uma desordem.
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