
Brasília é um gelo nessa época do ano. Hoje eu tomei um banho frio pra despertar. Do sono e do sonho.
Do sono que sinto por minhas noites mal dormidas, por meu trabalho que me consome, minha dor que não cessa e pela boemia que não consegui abandonar como muitas vezes prometi.
Do sonho que tive de ter pra mim um anjo que não quer. Não quer ser anjo, não quer ser meu. Que me disse não ter asas mas voou pra tão longe que não pude alcançar. Voou tão alto que me escapou das mãos.
Escorreu meu sonho como essa água fria que me adormece o corpo. Me fez despertar da vontade que tinha de vê-lo, da saudade que queria sentir, dos encontros que desejava acontecessem, do anseio que nutria em não ver meus dias passando simplesmente, sem objetivo, da necessidade que tenho de me saber vivo, de ter esperança.
Levou consigo tudo o que havia. E minha ilusão foi sugada pelo ralo, roubada de mim a única coisa que restava, o último recurso ao qual me agarrei com todas as forças, desesperadamente.
E, violento, se foi sem molhar suas asas. Sem ebriar o seu vôo. Sem olhar para trás. Sem pena de mim.
Brasília é um gelo nessa época do ano. Hoje eu tomei um banho frio pra despertar. Lavar a alma... Lavar a alma...
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