sexta-feira, 31 de julho de 2009

Globo repórter

Dentre todas as pessoas da minha idade, nesta encarnação, eu devo ser o único que está em casa, sexta-feira à noite, assistindo o Globo repórter. Mas a matéria de hj é sobre um assunto que eu entendo muito bem: infidelidade. Hehe- os dois lados da moeda. Eu podia escrever um manual inteiro sobre isso. "Os homens traem porque querem sexo enquanto as mulheres traem porque buscam o carinho que não tem em casa." "O horário de maior movimento nos motéis é durante o almoço." "Trair é quebrar um acordo preestabelecido entre o casal." Já tá quase no fim e ainda não me disseram, no programa, nenhuma novidade! Pra começar, a única pessoa que namorei, dos 18 aos 21 anos, me encheu de chifre- tanto e tantas vezes que bastou um rapaz mais engraçadinho aparecer na praia pra ele se aproveitar da vantagem que tinha, pelo fato de eu morar em outro estado, para me trocar por uma pessoa que morava muito (mas muito) mais longe- na Alemanha! É, vocês entenderam bem: Alemanha! Pode isso? Eu fui fiel por quase dois anos nesse relacionamento. Traí quando passei a morar distante- lá pelos últimos quatro meses. Minha desculpa é que houve momentos em que ele não poderia estar comigo e eu realmente precisava do colo de alguém. Minha mágoa é que, do contrário dele, eu nunca me envolvi. Nunca troquei telefone. Nunca fui além de um encontro pra aquecer a cama e minha alma solitária. Tudo bem que estou romantizando o adultério quando o justifico dessa forma, mas afinal de contas, estou falando de mim, né? O fato é que me arrependo de ter traído. Não me levou a lugar algum, não conheci alguém que pudesse substituir o amor que perdi, não existe compensação nenhuma no sentimento de vingança, não posso jogar na cara do meu ex que a culpa foi dele e só dele. Porque na verdade foi mesmo e é uma culpa que se estende por muitos e muitos anos além daquele oito de janeiro em que ele terminou comigo. Exemplos: eu sonho com ele até hoje e, sempre que acontece, acordo num susto, encharcado de suor. Faço terapia porque não consigo esquecê-lo. Tenho preconceito com gente muito branca ou qualquer coisa que me lembre a Alemanha. Não consigo me relacionar com ninguém sem que o fantasma do passado se erga com sua sombra dominadora. Acabo usando as pessoas e sofro, sofro, sofro. Dói imaginar que errei em algo, que faltei de tal forma a ponto de fazê-lo querer buscar calor em outros braços. Dói saber que ele está até hoje com essa pessoa, feliz e satisfeito, enquanto eu vivo sonhando com um tempo que já foi. Muitos dos meus textos aqui, referem-se ao Tony. Minha música fala claramente dele e da forma como terminamos. Ele povoa meus pensamentos todos os dias. Não há uma só pessoa que me conheça e que nunca tenha ouvido falar dele. Alugo mesmo o ouvido dos meus amigos! Mas acho que essa coisa de escrever mexe demais com a gente. To analizando aqui e... Poxa, como ainda posso querê-lo depois disso tudo? Vou pedir pra Valéria encerrar o ciclo! Mas antes, deu aqui no Globo Repórter que infidelidade comprovada pode gerar processo com pedido de indenização. Fiz umas contas aqui e acho que o crime dele ainda não prescreveu... Hehe. Licença aqui, mas eu preciso ligar pro meu advogado...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Comer rezar amar

Às vezes, eu entro numas ondas de ler best-sellers, para entender o fascínio coletivo que esses livros geram ao redor do mundo. Na última tentativa, deparei-me com o (não excelente) mas muito interessante Comer, rezar e amar de Elizabeth Gilbert, sobre si mesma e o período que passou logo após o traumático divórcio, o sofrido relacionamento que usou de muleta e um ano que viveu viajando em busca de prazer, devoção e equilíbrio. Na introdução, ela fala de como percebeu a coincidência de, numa viagem de autoconhecimento, ter escolhido justamente três destinos que começam com a mesma letra “I” (Itália, Índia e Indonésia) e que esta letra significa “eu” em inglês. Em seguida, explica como aconteceu de aprender italiano (idioma que ela considera lindo) e engordar onze quilos nos melhores restaurantes da Itália. Como foi passar quatro meses enfiada num templo indiano, aprendendo a meditar e conhecer Deus e depois outros quatro meses em Bali, buscando o equilíbrio entre a vida mundana e a devoção espiritual. Equilíbrio esse que veio justamente com o amor já que, na Indonésia, nossa autora/ aventureira/ viajante apaixona-se inesperadamente por um brasileiro. Resolvi tratar deste livro aqui para citar os trechos que mais me chamaram a atenção. Cheguei a separar uns quinze trechos bem interessantes. Estranhamente, à época, pareceram bem mais interessantes do que hoje. Estranhamente, só achei que valesse realmente a pena transcrever dois trechos de “rezar” e um de “amar” que, na verdade, só fala de sexo. Por que será, hein? “(...) o simples ato de acreditar é um ato de fé, porque nenhum de nós conhece o desfecho. (...) Fé é mergulhar de cabeça e em velocidade total rumo à escuridão. Se de fato conhecêssemos previamente as respostas sobre o sentido da vida, a natureza de Deus e o destino de nossas almas, nossa crença não seria um salto de fé e não seria um corajoso ato de humanidade; seria apenas... uma prudente apólice de seguros.” “Deus vive dentro de você como você mesmo, exatamente da maneira como você é. Deus não está interessado em ver você executar uma pantomima de personalidade, de forma a corresponder a alguma idéia maluca que tenha sobre aparência ou o comportamento de alguém espiritualizado. Nós todos parecemos ter uma idéia de que, para sermos sagrados, precisamos operar alguma mudança imensa e dramática em nosso caráter, precisamos renunciar a nossa individualidade. (...) a cada dia, as pessoas que renunciam encontram algo novo a que renunciar, mas que, em geral, o que elas conseguem é uma depressão, não a paz. (...) Para conhecer Deus, você só precisa renunciar a uma coisa- a noção de que é algo distinto de Deus. Fora isso, simplesmente permaneça como foi criado, dentro do seu caráter natural.” “Sentir-se fisicamente a vontade com o corpo de outra pessoa não é uma decisão que se possa tomar. (...) Ou o misterioso ímã está presente ou não está. Quando não está (como aprendi no passado, com devastadora clareza), não é possível forçá-lo a existir, assim como é impossível um cirurgião forçar o corpo de um paciente a aceitar um rim do doador errado. Minha amiga Annie diz que tudo se resume a uma simples pergunta: ‘Você quer a sua barriga encostada na barriga dessa pessoa para sempre ou não?’”