domingo, 26 de abril de 2009

Saudade

Queria que você fosse um mal partido

Que ainda mais tivesse me traído

Mas não me pusesse de lado

Que você tivesse empobrecido

Que virasse um bandido

Mas não tivesse me contrariado

Qualquer coisa que acontecesse contigo

Seria melhor do que eu ser rejeitado

Queria que você tivesse adoecido

Que tivesse morrido

Mas não me deixado

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Então

Então,
não vou te acordar domingo às oito meia, querendo conversar.
Agora sei que você não entende minha solidão.
Não vou tomar o inibidor de nicotina que o médico passou.
Ele mesmo disse que eu tenho que estar determinado.
Não vou mais esperar um ano feito pra mim.
Não vou pensar em como me sinto.

Todos os dias

Então, um amigo que mora longe, de quem recebo notícias principalmente- ou quase exclusivamente- por aqui me disse que está postando todos os dias. E está mesmo. Ele já começou outros blogs e parou, já começou faculdade e parou, já começou Inglês e parou, já tentou parar de fumar e parou de tentar. Mas ele ainda está aqui e empenhado mesmo. Me fez querer postar todos os dias também, mas ao mesmo tempo que as coisas não param de acontecer, parece que não acontece nada. Ah, mas aconteceu: Minha cunhada está grávida- vou ser tio pela primeira vez e o único desse- que eu tô torcendo que seja- menino! Uma das poucas pessoas que eu ainda admirava em Brasília fez questão de me envergonhar na frente de umas dez pessoas- ele estava bêbado, mas nisso não há novidade nenhuma! Fui a minha consulta com psquiatra hoje- não que eu ache que preciso, mas a psicoterapia que ele indicou pode ser bacana. Se acabar a inspiração, eu paro. Estou cada vez mais insatisfeito com meu trabalho. A música está me fazendo mal sob este ponto de vista. Quero dizer, muito dificilmente vou conseguir sobreviver dela, mas a vontade de jogar tudo pro alto e sair por aí com o violão é muito grande. O medo também não é novidade. E o que não aconteceu: Nem por um sábado, deixei de alimentar meus vícios destrutivos. E, onde você lê sábado, entenda que houve feriadões e fins de semana prolongados. Nas últimas três semanas, trabalhei um total de nove dias apenas, por isso bebi muito mais! Nem por um momento, me senti um pouquinho apaixonado por alguém. Vou acabar me acomodando desse jeito. Triste, né? Por favor, Tadeu, não pare. Pelo menos não antes de mim.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vontade vazia

Você diz que conheceu outros dois e que um deles era perfeito. Assim, vc me deixa sem jeito, sem ter o que falar. Eu confesso que dei uns beijos, assim, sem caprichar na qualidade. Só pra satisfazer minha vaidade e não acordar sozinho. Mas, falando em massagear o ego, você, jurando que foi sincero, queria só que eu soubesse. A sua verdade não me engana, estou acostumado a fazer a cama e ver outro se deitar. Não se comporte como meu ex que, assim, eu sumo de vez. Dá vontade de matar. É uma vontade vazia mas é bom que não se esqueça. Ainda encho de óleo fervente uma bacia e derramo na sua cabeça

terça-feira, 14 de abril de 2009

Untitled

Olha, há dias ele não troca de roupa Faz meses que não se poupa Que não se poda Olha, tem cortes no pulso Marcas no braço Unhas roídas Não tem que ser assim Ainda não chegou ao fim Ainda há espaço Há o terraço e não vai doer nada Olha, ele toma remédios pra dormir Arruma o cabelo pra sair E pede pros amigos Olha, não fala como tem sido Com quem eu tenho saído Não conta pra minha mãe Por que não me tranqüilizo? Vivo correndo perigo Diz que ainda há tempo E, desse momento, não sobra nada

domingo, 5 de abril de 2009

Lá menor

Um pote de sorvete. Um rolo de papel higiênico. Não passei na locadora. Sábado à noite, não tem nada na TV. Não vou morrer de câncer antes desse maço acabar. Não tem mais graça pegar o carro e correr na rua. Não quero ver gente. Não quero beber. Não quero a lua. O livro que não leio. Nenhum CD que presta. Tudo o que me resta é pegar o violão mas, nem isso faz sentido Não vou ter um colo amigo pra deitar minha canção. Ele não sabe se vem. Nesse descaminho, fico só. Não acho o cinzeiro, me perco inteiro. Faço uma música em Lá menor Recorto lembranças e rasgo papel. Minha garganta dá um nó. Não passei no mercado, mas acho que a farmácia era melhor. Pego o telefone mas não vou discar. O número decorado, tatuado no meu calcanhar. Na porta, só bate a chuva. Não que ser gente. Não quero comer. Não quero bagunça. O velho não veio. O novo não dá festa. Faço uma seresta de doer o coração, mas nem isso faz sentido. Não vou ter nenhum abrigo. pra esconder minha aflição. Ele não sabe o que tem. Não adianta secar meu suor. Penso nisso o dia inteiro. À noite, em desespero, faço uma música em Lá menor