sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Voltando a casa

Eu nunca escondi de ninguém o tanto que gosto de Brasília. Falo isso sempre pra minha mãe, a quem o orgulho firo sem pensar toda vez que repito e a faço imaginar que jamais voltarei para a barra da sua saia. Eu tenho orgulho de morar entre pessoas civilizadíssimas, politizadas, numa cidade inteligente, organizada e segura. Eu não queria esperar chegar ao Rio, chegar a casa da minha mãe, chegar a minha terra natal para dizer isso, mas não deu tempo em meio a tantas coisas que eu tinha para fazer para a viagem. Queria aproveitar a conexão em Guaralhos (cerca de meia hora) para escrever porque eu não podia esperar para dizer isso depois que já estivesse aqui. Daí, meu vôo foi trocado para um direto, mais cedo, e não precisei me encher de remédios para suportar o decola, pousa, decola, pousa das conexões. E eu cheguei. E agora, meia madrugada, como em todas as ocasiões em que escrevo, eu digo: quero voltar para cá. Quero voltar para sempre. Não quero mais a plena independência e o total desapego a família, não quero mais perder um ano inteiro da vida dos meus pais, não quero deixar de ver a Elisa crescendo, não quero pagar interurbano sempre que for falar com o Tadeu. Quero o litoral, o Arpoador, as barcas. Quero a máquina de lavar, a Babilônia, queimar 40 graus na febre do calor, quero o Amarelinho, o Odeon, as bandeiras coloridas, as pessoas quase sem roupa, quero voltar a achar normal entrar de havaianas e bermuda no shopping, quero sorrir mais, quero viver melhor, quero voltar pros meus e pro meu lugar. A verdadeira casa, mesmo que meu espírito cigano me dêapenas alguns anos antes de me inquietar novamente e me formigar o corpo inteiro para mudar de novo. Me aguarda Rio que, em um ano, eu volto de vez...