segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Só penso em você

Daí que eu fiquei um tempo sem escrever porque estava com vergonha de contar pra vocês que o Vitor e eu brigamos. Eu quis até me dar alta da terapia e passar a me consultar com um pai de santo- meu problema só podia ser espiritual! É meio desagradável uma semana contar pra minha psicóloga que conheci (ou reencontrei) alguém muito legal e, na semana seguinte, com a cara mais lavada do mundo dizer a ela que aconteceu que não deu certo. Há uma semana eu apresentei o Vitor a uns amigos não muito próximos pra fazer um levante da opnião dos outros. Não que eu precise da opnião dos outros nesses casos, mas serviria de termômetro antes de torná-lo mais íntimo dos amigos de verdade. Foi um dia maravilhoso, numa chácara longe, churrasco em comemoração a nada e ele e eu o tempo todo juntos. Tentei lhe dar a maior atenção possível- já que anteriormente isso não tinha acontecido- e ele fez daquele dia realmente feliz pra mim. Quando nós saímos de lá- cheios de más intenções acerca do próximo destino da noite- aconteceu de uma das amigas de verdade me ligar chorando e pedindo pra eu pegá-la do outro lado da cidade. Ora, isso nunca tinha acontecido antes então pareceu muito sério na hora. Daí, veio a sucessão de erros: eu poderia ter permanecido calmo, poderia ter prometido ligar pra ela em cinco minutos e perguntado a ele como faríamos pra resolver o problema, poderia tê-lo deixado a par da situação antes de, sozinho, tomar a decisão. Mas eu não fiz. Sou um cara sozinho, estou acostumado a resolver tudo sozinho e acabei dizendo a minha amiga que estaria lá em meia hora e, desligando o telefone: "Vitor, já era o programa, vai ter que ficar pra próxima." Aposto que ele se sentiu o mais diminuído dos seres humanos, aquele que não representava nada para mim, aquele que estava abaixo de todos na escala de importância sentimental da minha pessoa. Resultado: ele fez uma cena que foi um terço razão, um terço egoísmo, um terço infantilidade. Bateu a porta do carro quando eu o deixei em casa e uma semana depois me descascou de esporro no msn. Eu me desculpei, pedi pra enterrar o assunto, me coloquei no lugar dele e nada deu certo. Frustrante, não? Uma bobagem, nem sequer uma briga, a primeira divergência de opniões e foi tudo por água abaixo. Valeu a pena deixar acabar assim? Sem direito ao tiro de misecórdia? Não. E eu não estaria contando pra vocês se já não tivesse um final feliz. Mandei um recado offline via msn me retratando seriamente. E me senti muito bem assim- fui maduro, fui insistente e tive a sensação de ter feito o que podia. Hoje, há mais ou menos uma hora atrás, recebi uma mensagem no celular. Do Vitor "Só penso em você"...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vitor

Gosto muito de reencontros inesperados. Dão-me a sensação de que o destino tencionou algo, que o anjos tem um plano e Deus existe. Lendo o texto anterior, vocês não só entenderão como darão razão para o fato de eu haver me endurecido para o amor num esforço fora do comum para parecer forte e não mais permitir que me machuquem. O problema é que, por muito tempo, confundi essa coisa de ser muito seguro de mim e achar que não preciso de ninguém com uma pequena vingança particular contra quem não tinha nada a ver com meu sofrimento. E pior, contra quem nem mesmo merecia. Faz mais ou menos uns dois anos e eu conheci a pessoa mais especial que existe (tanto que nem sei se existe mesmo). Apareceu para mim num fim de festa, quase sol raiando e, numa rápida troca de olhares, lá íamos nós trocar amasso e números de telefone. Cinema aqui, festinha ali, uma pegação dentro do carro e eu me vi aceitando o pedido de namoro de alguém que eu não queria. Lógico que não levei a sério minha vida de compromisso e continuei me comportando como o solteiro mais vagabundo do pedaço. Fora isso, minhas habilidades para me livrar dos outros incluem uma reação muito peculiar às excentricidades alheias: tudo me incomoda e cada mínimo defeito é suficiente para eu querer pular fora. De uma hora pra outra, o talzinho foi me causando cada vez mais estranheza com seu jeito de ser. Enchi o fulano de chifre e sem nenhum critério para esconder dele. Ainda não tinha lido o manual do adúltero e acabei me deixando ser pego no flagra algumas vezes. Magoei demais essa pessoa e ele se foi. Reencontrei há um ano (acho!) no fim do show da Paula Toller. Encontro rápido, umas palavras só e pronto. Depois disso nunca mais. Nunca mais até sábado de madrugada no fim do show da Preta Gil (ele sempre aparece no fim de alguma festa...), na fila da boate para pagar a comanda e, depois de uma conversa muito constrangedora (nunca me senti a vontade com ele depois de toda maldade que cometi), aconteceu o beijo e aceitei sua carona. Ele chegou da Flórida há um mês onde passou o último semestre trabalhando, está com o cabelo curtíssimo e me contou todas as mazelas de sua temporada sozinho no exterior. É, definitivamente, outra pessoa. Muito mais maduro, mais engraçado, mais seguro, mais independente. Tudo o que eu não gostava nele sumiu e tudo o que eu gostava permanece. Daí vocês vão dizer “Bem feito! Agora, vê se aprende com isso e para de sacanear as pessoas boas porque elas, um dia, voltam ainda melhores e você fica chupando o dedo pensando como seria se ainda estivesse com ele.” Certo? Errado! A maior qualidade que eu vi numa pessoa como o Vitor, eu só vi nele. Ninguém parece ver o mundo de forma mais clara, ninguém parece ser mais tranqüilo com relação aos rumos da vida. Ele disse que me perdoa e consegue ver as mudanças que ocorreram em mim, o que passou já foi e o importante está acontecendo agora. Estamos nos vendo todos os dias e está sendo, como diria a Valéria, uma forma mais madura de me apaixonar. Não estou louco de amor, mas sei a diferença entre não ter nada em que pensar e passar o dia com a mente ligada no sorriso, no olhar, nas caretas de alguém. Só não vou ficar muito tempo imaginando como vai ser daqui pra frente porque é melhor me concentrar nesse momento tão sublime. Como o próprio Vitor filosofou ontem “A única coisa real é o agora. O passado já foi e o futuro não existe ainda”.