domingo, 17 de janeiro de 2010

Foi esse sonho em que eu estava na casa da minha mãe, mas era a minha casa também. E o passado se misturava com o presente. Eu tinha a mesma idade e aparência de hoje e me arrumava pra ir à escola. No portão, meus amigos de infância me esperavam e ligavam no meu celular para que eu me apressasse. A Jeane tnha dormido escondida no meu quarto- minha mãe não gostaria de tê-la ali. Os meus pais não apareceram. Eu arrumei depressa as últimas coisas na bolsa do colégio- que ganhei realmente há uma semana. Estava atrasado. Estou mesmo meio atrasado na vida. Não era assim que eu me imaginava aos 25 anos. Rumei para o portão e pulei a grade em vez de cruzar a passagem, como sempre fazia quando era pequeno, e me veio uma sensação estranha, meio nostálgica mas sem saudade. Era uma certa tristeza porque percebi nessa hora que todas as coisas já tinham ido, nada mais aconteceria, todas as oportunidades já tinham passado. Subi a ladeira com meus amigos com muita dificuldade. Minhas pernas fracas, meus joelhos e calcanhares quase não respondiam meus comandos e eu precisei me agarrar às raízes que se espalhavam pela rua pra conseguir impulso.. No topo, encontramos o Bill e ele me criticava por conta da minha alimentação e porque fumo demais. Foi quando eu me vi magro e envelhecido. Estava doente e a única coisa que eu fazia era rir do Bill enquanto procurava um cigarro.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Eu me irrito com a saudade que sinto da Valéria. Com a falta de cumplicidade entre mim e minha solidão. Com o ócio que não me permite sequer ser criativo. Com meu pouco talento e o tanto de trabalho que vejo à frente. Eu me irrito com os que já foram e com a demora dos que ainda não vieram. Com os desejos inférteis. Com o medo que tenho da vida não chegar a ser plena. Eu me irrito comigo e nem comigo posso protestar.