
Um pote de sorvete.
Um rolo de papel higiênico.
Não passei na locadora.
Sábado à noite, não tem nada na TV.
Não vou morrer de câncer antes desse maço acabar.
Não tem mais graça pegar o carro
e correr na rua.
Não quero ver gente.
Não quero beber.
Não quero a lua.
O livro que não leio.
Nenhum CD que presta.
Tudo o que me resta é pegar o violão
mas, nem isso faz sentido
Não vou ter um colo amigo
pra deitar minha canção.
Ele não sabe se vem.
Nesse descaminho, fico só.
Não acho o cinzeiro,
me perco inteiro.
Faço uma música em Lá menor
Recorto lembranças e rasgo papel.
Minha garganta dá um nó.
Não passei no mercado,
mas acho que a farmácia era melhor.
Pego o telefone mas não vou discar.
O número decorado,
tatuado no meu calcanhar.
Na porta, só bate a chuva.
Não que ser gente.
Não quero comer.
Não quero bagunça.
O velho não veio.
O novo não dá festa.
Faço uma seresta de doer o coração,
mas nem isso faz sentido.
Não vou ter nenhum abrigo.
pra esconder minha aflição.
Ele não sabe o que tem.
Não adianta secar meu suor.
Penso nisso o dia inteiro.
À noite, em desespero,
faço uma música em Lá menor
3 comentários:
algo me diz que isso tem ritmo...
tem ritmo, tem rima,
tem melodia,
tem solidão que não acaba da noite pru dia,
tem um coração maior que o mundo,
tem uma porção de melancolia,
tem corpo e alma,
tem o alvoroço da calmaria.
eu ja estava com saudades de seus textos...
é tudo tão lindo de ler... impossivel não imaginar, pensar!!
gostei muito deste texto, é adoravel escrita, poetico!
é sempre bom ler coisas boas, coisas escritas com sentimentos reais.
obrigado andré
abraços
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