domingo, 5 de abril de 2009

Lá menor

Um pote de sorvete. Um rolo de papel higiênico. Não passei na locadora. Sábado à noite, não tem nada na TV. Não vou morrer de câncer antes desse maço acabar. Não tem mais graça pegar o carro e correr na rua. Não quero ver gente. Não quero beber. Não quero a lua. O livro que não leio. Nenhum CD que presta. Tudo o que me resta é pegar o violão mas, nem isso faz sentido Não vou ter um colo amigo pra deitar minha canção. Ele não sabe se vem. Nesse descaminho, fico só. Não acho o cinzeiro, me perco inteiro. Faço uma música em Lá menor Recorto lembranças e rasgo papel. Minha garganta dá um nó. Não passei no mercado, mas acho que a farmácia era melhor. Pego o telefone mas não vou discar. O número decorado, tatuado no meu calcanhar. Na porta, só bate a chuva. Não que ser gente. Não quero comer. Não quero bagunça. O velho não veio. O novo não dá festa. Faço uma seresta de doer o coração, mas nem isso faz sentido. Não vou ter nenhum abrigo. pra esconder minha aflição. Ele não sabe o que tem. Não adianta secar meu suor. Penso nisso o dia inteiro. À noite, em desespero, faço uma música em Lá menor

3 comentários:

Unknown disse...

algo me diz que isso tem ritmo...

trancelimpoetico disse...

tem ritmo, tem rima,
tem melodia,
tem solidão que não acaba da noite pru dia,
tem um coração maior que o mundo,
tem uma porção de melancolia,
tem corpo e alma,
tem o alvoroço da calmaria.

Fanuel Ferreira disse...

eu ja estava com saudades de seus textos...

é tudo tão lindo de ler... impossivel não imaginar, pensar!!

gostei muito deste texto, é adoravel escrita, poetico!

é sempre bom ler coisas boas, coisas escritas com sentimentos reais.

obrigado andré

abraços