sábado, 30 de outubro de 2010

1.000 km

Entre nós, 1.000 km. Entre estradas de chão e pistas mal pavimentadas. Entre cartões-postais e vistas para esquecer. Entre chuva, neblina e mormaço, gados e lagartos, rios e árvores, dormir e chacoalhar, estamos nos extremos. Eu, da cidade. Você, do interior. Eu, carioca, cara de sulista, de surfista, musicista e afins. Você, índio no rosto e no cabelo, olhos vivos e aparelho na beira do rio em Tocantins. Entre nós, cumplicidade, curiosidade, conversa fiada, limão e sal. Um reconhecimento inocente, o contato displicente, a entrega natural. Não existe preconceito, falta de respeito e isso é o melhor. Por um momento, entre nós, só uma fina camada de suor. E ele vai acelerando a moto. Olhou para trás? E ele sai atravessando as fronteiras, formigando mais e mais. Entre nós, 1.000 km e a vontade que estreita distâncias, rompe as barreiras do espaço. Entre nós, ânsias, tremedeira e cansaço.