
Me perguntaram recentemente porque eu escrevo tão pouco aqui no blog. E minha óbvia resposta foi que não acontece nada interessante para me fazer querer escrever.
Depois, parei pra pensar se isso é mesmo verdade e me dei conta de que um dos eventos mais aguardados do ano para mim passou despercebido e não compartilhei nesse meu espaço.
Era 4 de dezembro, eu ainda estava no trabalho, sexta a tarde e minha mãe me liga gritando nos ouvidos que eu havia me tornado titio. Elisa nasceu de cesariana, branquinha como meu irmão e um tanto parecida comigo. Ou seja, linda de morrer. É a criança que a família não tinha há doze anos. Minha primeira sobrinha, talvez única porque meu irmão já anunciou que não quer outro filho. Eu sou o único tio que ela terá. Dediquei uma página de meu diário ilustrado para Elisa, estou programando minha ida ao Rio para o mais rápido possível e passei a querer muitas coisas.
- que Elisa reconheça em mim o tio mais especial da face da Terra, pois não sou careta, mas também não a quero metida nas confusões em que eu me envolvo vez em quando;
- que eu possa ver de perto os anos dela se passarem, não gostaria de ser apresentado a minha própria sobrinha ano após ano;
- que eu viva por tempo suficiente para abraçá-la aos quize, após a formatura da faculdade, quando ela me der um sobrinho neto;
E o mais importante de tudo: sempre gostei de crianças, não é de hoje que meu relógio biológico apita no meu subconsciente que está na hora de pensar em ter um filho. Elisa me fez querer isso com muito mais certeza. Não importa se essa criança vai ter os meus olhos, o meu sorriso, meu nariz ou se vai ser uma dessas prontinhas pelas quais a gente se apaixona a primeira vista e tira de uma casa cheia de outras crianças para lhe proporcionar vida melhor numa família de verdade.
Assim como Elisa, essa criança vai olhar para mim e ver muito mais do que um carente,pouco usual, meio doidinho que adora se divertir e exagera na dose de vez em quando. Assim como Elisa, essa criança vai ver um homem que precisa de amor. Só amor.